Tem gente que chega com flores
Fantásticas
Num vaso de vidro
Fino
Frágil
Preenchendo-nos de cor
De repente
No primeiro descuido
Estilhaça-se no chão
Varremos
Limpamos
Lustramos
E quando finalmente parece não haver mais rastros
Pisamos num caquinho
Que andava escondido num canto
Um cortezinho de nada
Mas uma dorzinha aguda
RESSIGNIFICAR
Puxa uma cadeira
Pede um copo
Seu lugar foi reservado
Por quanto tempo você fosse demorar
Deixa os pés balançarem
Acompanharem os acordes
Eles já não são do dia
Em que ela prometeu te amar
São de agora
Com happy hour na mesa do bar
Fica mais um pouco
Aproveita o desjejum
De saber a si mesma
Lambe o sal dos dedos
Um por um
E antes que queiram
Diminuir o seu preço
As suas palavras
O seu peso
Lembra que você é arte
Onde não couber inteira,
Parte
AUTOAPRESENTAÇÃO
Se autoapresentações fossem sinceras
Eu teria dito
Antes de te encontrar
Que eu sou férias na praia
Daquelas esperadas por meses
Chego com brisa fresca
Areia tenra
E água morna
Segunda-feira com melodia do mar
No resto da semana
Chovo sem parar
EVENTO
Por que eu me preocupo
Em saber que roupa usar
Antes de um grande evento
Se o maior de todos os eventos
É encontrar você
Sem me preocupar
Se saberei da roupa
Ao amanhecer
RESSACA
Encontrar um amor tranquilo
Depois de tantos terminados
Em ressaca
É como acordar com sede
E a cada gole d’água
Ainda sentir o gosto
Da cachaça
Nasceu no Rio de Janeiro e vive em Lisboa desde 2017, quando chegou para estudar Direito Internacional. Atualmente trabalha na área do compliance bancário. Faz da literatura refúgio para a mente introvertida. Gosta de caminhadas longas e filmes curtos. Ama começar um livro novo e ler a última página, não necessariamente nessa ordem.
@andreia.robert