saudade ou perto
Eu nunca quis
Nada de mais
Sempre aceitei
Migalhas de outrem
Mas foi na saudade
Que entendi a verdade
Eu não preciso de ninguém
Mas é fácil dizer
Ontem a noite mesmo
Dormi e sonhei
Pensando em você
Eu também
Deus está morto
Disse um velho amigo meu
Eu não acreditei
Mas quando voltei a deitar
E arremessei melancolia aos céus
Eu entendi
A ausência das respostas
Era a minha primordial pergunta
Se além daqui Nada existe
E nada é nada
Sendo sempre tão tudo
Eu também sou nada
Eu também sou Deus
Se Deus então, morto
Eu também estou?
3:33
São 3
3:33
E eu danço sozinho na cozinha
Já é a terceira vez essa semana
Hoje é quarta
Ou era
Faço chá
Chá verde
O pior que tem na dispensa
Como bolacha
De água e sal
Imaginado
Que talvez sejam feitas de lágrimas
As minhas pelo menos
Eram salgadinhas
Metade de um cigarro
Fones de ouvido
E memórias desconfortáveis
Juro que se alguém me visse neste estado
Imaginaria que estivesse atuando
Parecendo um lunático
Murmurando
E escrevendo
Sabendo disto
Espero que ninguém esteja me vendo
Porque de fato
Seria feio
João Ostrowski é artista visual, designer, fotógrafo e poeta. Nascido e crescido em São Paulo capital, nunca antes tinha entrado em contato com literatura ou poesia. Trabalha como designer e ilustrador, e em seu tempo livre se dedica a estudar poesia, filosofia e música. Formado em Comunicação Social (2020) e cursando Direção de Arte em Comunicação (2023).
@jojowski