Pela Sombra
Não vou pela sombra,
estremeço,
sou quase tonto
procurando um endereço,
onde possa viver sem culpa
sendo feliz do meu jeito.
Não vou pela sombra,
sou do contra,
disfarço,
dou meia volta,
me perco de vista,
faço questão do acaso.
Não vou pela sombra
prefiro ficar atento
faço o que for possível,
conto os meus passos,
recito placas de carros,
recorro a rimas raras,
o que for preciso, faço,
pra curar essa ressaca.
Inovação
A nova banda que inova
O novo penteado da hora
A nova droga da moda
O novo esporte que empolga
A nova dança da roda
A nova gíria que engana
A nova voz que incomoda
Entre tantos protestos
E insultos mudos.
O novo é o retorno
do que poderia ter sido.
O novo é a promessa
de uma revolução.
O novo pode ser moderno
ou modernosa ilusão.
O novo foi rejeitado
no ano passado.
O novo é a farsa
da obsolescência programada.
Luiz Gustavo de Sá mora em Niterói-RJ. É historiador pela UFF. Premiado no III Concurso Municipal de Contos da Prefeitura de Niterói (2005); pré-selecionado no Prêmio Sesc de Literatura (2018) e semifinalista do 3 o Prêmio Internacional Pena de Ouro (2022) da Casa Brasileira de Livros. Publicou os livros de contos Parafernália (2020) pela Editora Itapuca e Ninguém está olhando (2022) pela Editora Penalux, e o romance Na dúvida, é melhor não mentir (2023) pela Editora Penalux.
@saluizgustavode