Corpo-casa-destroços-depósito. Fotografia digital. 100 x 150 cm. Lona.
Sobre a obra
O processo de objetificação e desumanização do corpo negro, sem dúvida, foi um dos instrumentos de opressão e manutenção da ordem da nossa sociedade, muito sabiamente utilizado para manterem os nossos corpos dóceis e adestrados a exercerem na sociedade papéis e espaços destinados a nós e que se perpetuaram historicamente na dissociação entre trabalho intelectual e trabalho manual, na sexualização e coisificação dos corpos negros, na relação de traços de selvageria, animalização e incivilidade do corpo negro, em contraponto ao corpo branco relacionado a traços de beleza e engenhosidade.
É a partir desse estudo, que construí esse caminho para criar esse ensaio fotográfico, utilizando o meu corpo, para grafar um caminho autobiográfico, refletindo sobre a dimensão psíquica da questão do racismo e sobre as formas pelas quais essa realidade histórico-social determina configurações psíquicas peculiares no negro, para mergulhar nesse processo como impulso para criação. Parte integrante do projeto, uma performance do artista pontua este movimento. Neste processo, compreender as próprias questões se torna a um só tempo proteção e cura.
Urabatan Miranda é artista visual, bailarino e professor. Natural de Campos dos Goytacazes-RJ, mas atualmente residente em Santana de Parnaíba, região metropolitana de São Paulo onde desenvolve de maneira independente seus trabalhos artísticos. É graduado no curso de Licenciatura em Artes Visuais pela UNIFLU/FAFIC em Campos dos Goytacazes - RJ e dedica-se ao mestrado no Programa de Pós- graduação em Artes da Universidade Estadual do Rio de Janeiro – UERJ. Iniciou suas atividades artísticas com a Capoeira, Danças Urbanas e Teatro em 1995. Em 1999 ingressa na Academia de Dança Simone Matheus onde estudou e concluiu em 2007 o curso de ballet clássico. Foi membro de várias companhias de dança, entre elas se destacam: Dual Cena Contemporânea, Cia Danças Claudia de Souza, Cia Sansacroma, Fragmento Cia de Dança e Coletivo Intermitente Abismo e Sonhos, Chamart Cia de Arte (Campos), Cia de Dança Simone Matheus (Campos). Atualmente trabalha de maneira independente em plataformas de criação e residências artísticas atendendo a necessidade de se aprofundar como artista-pesquisador e de pensar ações artísticas e culturais.
@uruba_tan