Há algumas luas atrás,
Relembrei que roubava o brilho das estrelas para ser visto pelos planetas.
Relembrei dos países e do Sol.
Embora, eu fosse um cometa para uns.
Um continente para outros.
Seu olhar me alcançou como um universo perdido.
Minha areia percorreu na ampulheta do seu tempo.
Acreditei em outro planeta.
Sendo este bem distante do sistema solar.
Estado de cadência.
Cidade fantasma.
Sonhos que caem em cascata.
Amores enferrujados pela ruína.
Cemitérios cheios, túmulos vazios.
Na Estação Esplendor,
Eu procurei o trem e não enxerguei o trilho.
Um nativo perdeu a sua mala e ela parou nas minhas mãos.
O jardim opaco ganhou vida.
A melancolia da lua se uniu ao brilho das estrelas.
Cidade dourada.
Sonhos que formam rios.
Um amor raro como outro.
Cega aqueles que enxergam.
Dá visão aos que não enxergam.
Ruas flamejantes, praças reluzentes.
Na Estação Esplendor,
Eu enxerguei o trilho que me leva ao trem.
Você ainda guarda a sua ingenuidade?
Eu conhecia seus sinais, mas me perdi nas suas sensações.
Cortei seu coração machucado no arame farpado, mas fui eu quem sangrei.
Eu te confundo com meus afetos.
Sou o amor que você quer ter por perto.
A ideia que lhe deixa esperto.
A água do seu deserto.
Te vejo do lado que um dia você quis estar.
Penso se todo esse caos teve sentido.
Somos dois lados de um rio.
Evitando se tocar.
Desaguando no mesmo mar.
Você ainda guarda sua ternura?
Eu costumava te encontrar quando a esperança conhecia o dia.
Você cortou meu coração machucado no arame farpado e já não sei quem sou.
Eu te confundo com minha neblina.
Assalto a sua rotina.
Sou a arma que te assassina.
A água da sua piscina.
Te vejo onde um dia eu quis estar.
Busco o sentindo desse caos.
Somos dois lados de um rio.
Evitando se tocar.
Desaguando no mesmo mar.
Caio Araújo de Oliveira é escritor e psicólogo. Reside na cidade de Jacobina (BA) e é autor dos livros Cecília, eleito o 4º melhor livro independente de 2022; Brisa (2023) e Bodas de Madeira (2023).
@historiasdecaio