Não possuo nada.
Nada posso.
E no fundo do poço a desgraça me enlaça.
Putrefaço.
Diante do amanhã que me esquece,
o silencio reticente da minha sombra padece na agonia de quem jaz.
Suplico em vão,
para sucumbir sob um blues macambúzio
na catacumba que outrora projetei.
Antes mumificado,
sou apenas o faro avaro do que seria.
Um odor, olor,
a dor e o horror transparentes.
E na marreta dos meus sonhos cromáticos
desconcerto perspectivas para guardá-las em potes refratários da realidade.
Eis o meu norte, magnetizado com as sete mil cores da ilusão.
A assim ando,
em arcos que no finito se cruzam e se fecham,
até toda a sorte de liberdade frustrar.
E assim não gravito,
preso ao peso da existência que na corcova nascente carrego.
Não, não há horizonte no que faço.
Nem promessa naquilo que crio.
Na infertilidade do meu grito,
estou prenho na roda-gigante do passado.