A vida é cordão
Tanto tem perdão
Aqueles que se vão como aqueles que ainda não aqui estão,
mas a certeza de que também se vão já existe
No cordão da vida todos se vão
Alguns nós ficam, uns grandes outros não grandes
Todos marcam vãos da vida-cordão
Caminhos adentro, abertos e ao relento
Caminhos sem saída, com idas e vindas
Caminhos com espinhos, lanças e balaços
Caminhos com esfinges, cocares e ocas
Caminhos sem esperanças, com matança e mudança
Eis a nossa herança
Quem organizou essa dança
Com qual trançado se tece nossa vingança
Como pode tanta matança em tão pouca caminhança
Sonhei com a paz mundial
Acordei lendo no jornal: guerra no continente tal
Levantei pra fazer minha parte, talvez faça arte
Plante uma árvore, regue uma muda, entregue uma flor
Talvez um lírio
Por favor, não pense que é delírio
Não posso segurar explosões de carros bomba no Iraque
Mas e se eu sorrir pra alguém hoje no parque?
Certeza que será muito mais do que você fez hoje pelas crianças da África.
Terra à vista
Prestes a ser invadida
Mil e quinhentos, maus foram os ventos
Aqueles que trouxeram caravanas de caravelas com caras pálidas nunca antes avistadas
Terra à vista
Recém-nascida/invadida
Dois mil e tantos
Tantos desdobramentos
Quantos descobrimentos
Falta suprimentos, só não falta armamentos
Quantos lamentos, dois mil e tantos, dois mil e quantos
Quantos são os culpados
Quem são os injustiçados
Na Terra à vista
De mil e tantos livramentos
Corre, João!
Lá vem o falso amigo dizendo oh meu negão
Corre, João!
Lá vem aumento na inflação
Corre, João!
Lá vem nosso tio eleitor do capitão
Corre, João!
Lá vem elevação em preço de botijão
Corre, João!
Lá vem o camburão
Corre, João!
Ó o tiro do três oitão
Julierme Rabello de Souza é de Nova América da Colina-PR, formou-se em Letras pela Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP) e cursa pós-graduação em Escrita Criativa, Roteiro e Multiplataformas. Possui contos e poemas publicados em diversas antologias de editoras pelo Brasil.
@jrs_souza