Capacidade Máxima, 82%. Acrílica e óleo sobre tela. 30cm x 40cm cada tela (tríptico). 2023.
Sobre a obra
A saúde de uma bateria é comprometida ao conhecer a "síndrome de burnout": sobrecarga de trabalho e responsabilidades excessivas resultando em exaustão extrema, estresse e esgotamento físico. Nas palavras de Ailton Krenak em A Vida não é Útil:
“Estamos viciados em modernidade. A maior parte das invenções é uma tentativa de nós, humanos, nos projetarmos em matéria para além de nossos corpos. Isso nos dá a sensação de poder, de permanência, a ilusão de que vamos continuar existindo. A modernidade tem esses artifícios. [...] E assim ficamos presos em uma espécie de looping sem sentido.”
A rotina neste cotidiano capitalista e meritocrático que exige a presença on-line tão assídua quanto a dedicação profissional anula quaisquer soluções práticas para tal problema. Assim, o fazer artístico surge como um lembrete dos perigos de estar sob alta pressão a tantos metros longe da superfície. Como baleias em cativeiro, a tela do celular nos prende a uma realidade compromissada diariamente a mudar nossa visão para um futuro desestimado, onde perdemos a identidade e o propósito do papel a ser cumprido neste planeta, não suprindo demandas, mas contemplando a simples ideia de existir. Existir para o que é real, verdadeiro. Existir para o que expande nossos sentidos à perspectivas que façam sentido.
Das poucas ferramentas que podem mudar nossa perspectiva e resgatar esta virtude primária, a arte age como um aparato ocular cujo papel nenhuma notificação é capaz de cumprir.
Estudante na Escola de Belas Artes da UFRJ, Lucas Mourão (25) atua como pintor ressignificando trajetos por meio do saudosismo e seu fascínio pelo mar, prezando pelo extremo cuidado aos detalhes na pesquisa de execuções e construção de seu acervo teórico, aberto ao trânsito dos acasos do caos moderno ao explorar o naturalismo e a fantasia na elaboração de narrativas de autoimagem e culpa cristã.
@lucasmourart