a casa que espiava
Era uma vez um bosque encantado e uma casa que espiava.
Ao amanhecer, crianças, passarinhos, insetos e pequenos animais silvestres ocupavam o espaço e, entre gritos, corridas, voos rasantes, escaladas nas árvores, viviam mil aventuras.
Durante todo o dia, crianças de todas as idades e tamanhos, incluindo as que mudaram apenas de aparência, mas não de essência, disputavam espaço sob a sombra das árvores. Com suas toalhas xadrez faziam picnics com direito a bolo de chocolate e suco de laranja. As formigas chegavam sem ser convidadas, mas eram bem-vindas, pois em seu ir e vir ensinavam sobre organização e convivência interdependente e comunitária.
Com o corre-corre das crianças, os pedregulhos e as folhas secas farfalhavam e viravam pó e, como um passe de mágica, a poeira transformava o cenário em uma animação com efeitos especiais.
Ao som de gargalhadas e de gritos eufóricos, o bosque enchia e esvaziava de tempos em tempos, até voltar a ser palco de histórias fantásticas e inesquecíveis.
Houve até um balanço, que de tão alto que voava, numa tarde virou estrela…
E após mais um dia repleto de vida e história, a tarde fria de outono caiu colorindo o céu de um alaranjado cor de esperança para abraçar toda a gente.
Descobriu-se então, que era nessa hora que a casa do bosque espiava com seus olhos vívidos cheios de ternura outro entardecer tornando-se memória e anunciava que um novo dia em breve nasceria.
Carolina Sperandio é pedagoga, com pós-graduação em Linguística Aplicada pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e em Tendências Emergentes em Educação pela Tampere University of Applied Sciences (TAMK) da Finlândia. Pós-graduada em Educação: Metodologias, Tendências e Foco no Aluno pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul e Coordenadora Pedagógica do Colégio Rio Branco, Cotia – São Paulo.
@carolsperandiocs