Caoticidade. Fotografia analógica, médio formato, EASTAR TLR. São Paulo, SP. Agosto de 2016.
Pontos de vista. Fotografia analógica, médio formato, EASTAR TLR. São José dos Campos, SP. Janeiro de 2018.
Fotograma Expandido. Fotografia analógica, 35mm, YASHICA FXD. Brasília, DF. Julho de 2018.
Jardim secreto em natureza morta? Fotografia analógica, pinhole com caixa arquivo em papel fotográfico. São José dos Campos, SP. Outubro de 2019.
Experimento suculenta. Fotografia digital, pinhole, DSLR, Canon EOS 7D. São José dos Campos, SP. Abril de 2021.
Sobre as obras
La mirada mirada: olhares sobrepostos
Fotografia é um ato de olhar: registro do fragmento de um instante no/do tempo-espaço, gravado em um suporte fotossensível e delimitado por um quadro. O que acontece quando este olhar se sobrepõe a outro e os limites do quadro se borram e ampliam?
Pensando nessas interrogações, apresento este projeto/ensaio que reúne principalmente fotografias feitas com dois equipamentos analógicos de formatos diferentes. Um de médio formato (EASTAR TLR) e outro de 35mm (YASHICA FXD). Ambas as câmeras pertenciam ao meu pai, de quem as recebi como presente, quando comecei a estudar audiovisual e fotografia.
Redescobri as possibilidades estéticas da sobreposição acidentalmente, em meados de 2014/2015, quando fiz meu primeiro filme com a câmera de médio formato. Eu já conhecia a técnica em formato digital, mas aplicá-la ao analógico me instigou bastante. Isto me apresentou a uma nova forma de compor imagens.
Assim, sempre que a ocasião me parece oportuna, eu experimento sobrepor meu olhar em cada filme que tomo, por exemplo, "brincando” com as possibilidades de complementação que linhas e formas podem conjugar, criando novas imagens. Ao incidir sobre a composição destas, a sobreposição amplia seus sentidos. Metaforicamente, essa construção se assemelha a uma cidade em crescimento caótico e vibrante, a um só tempo. É como se esses adjetivos assimétricos cedessem lugar a uma combinação harmônica de formas, corpos e espaços.
Expandindo o fotograma
Quando passei a criar múltiplas exposições também com o formato de 35mm, me deparo com um surpresa. Devido uma falha mecânica da câmera ao puxar o filme, acabei criando imagens inesperadas, as quais só percebi depois de processá-las. Elas transpassaram os limites do fotograma convencional que o equipamento faria e, por isso, fui surpreendido com sobreposições de imagens que eu não havia planejado inicialmente.
As imagens apresentadas representam uma amostra dos experimentos que realizei entre 2016 e 2018. Atualmente ampliei a pesquisa trabalhando as possibilidades da sobreposição também na técnica de pinhole digital e analógico, onde a partir da longa exposição descubro uma nova forma borrar e ampliar os limites do quadro, agora com o tempo.
Gustavo Fataki é artista multidisciplinar graduado em audiovisual pela UFSCar, pesquisa a relação dança e audiovisual e fotografia expandida. Integrou a URZE Cia. de dança (São Carlos/SP). É co-criador da Mostra Internacional de Videodança de São Carlos. Desde 2010 é monitor no projeto Arte nos Bairros da FCCR. Bailarino do Balé da Cidade de Taubaté (2010/2014) onde hoje é fotógrafo e produtor.
@gustavofataki