e agora, josé?
Meu filho me foi negado…
nem me deram uma cadeira
na santa trindade
mas eu, carpinteiro dos bons,
isso nunca requisitei
Me deram milhares de homônimos
pelas cidades
que eu, fugitivo de Egito,
de certo um dia conhecerei
Meu filho é o Abençoado
o Cordeiro de deus
o Crucificado
Trouxeram suas vestes
de sangue marcadas
puseram a meus pés
não disseram mais nada
saíram felizes
da culpa expiados
Fiquei cá bem triste
por meu filho levado
Não era só meu sangue
era mais: minha cria
Aprendeu a martelar suas parábolas
na minha carpintaria
Aprendeu a pregar seus milagres
ganhando, comigo,
o pão de cada dia
Eu não compreendo
como ter tido e perdido
meu sagrado Menino
eu, que beijei sua testa
- como nenhum outro homem o faria-
apontei-lhe cada pássaro
ri de sua pipira
contei-lhe lorotas
circuncidei seu prepúcio
lavei-o em água fria
Carreguei-o no colo
protegi, enfim,
a quem um dia
mais nos protegeria
Amei verdadeiramente
como Pai
O que foi meu Filho
por doze anos e alguns dias...
Natural de São Luís do Maranhão, oriundo da escola pública, licenciado em Letras (Português e Espanhol) e especialista em Alfabetização pela Universidade Federal do Maranhão; mestre em Letras pela Universidade Estadual do Piauí. Três filhos. Professor dos níveis Fundamental e Médio da rede pública de ensino, com experiência no Ensino Superior.
@marcelinorodrigues30