André Chacon

Sobre as obras

O que seria a luta, se não a força em se despedir da história do velho mundo? Corpo Desabrigo é uma obra que abriu-se à gestação perene, do abandono que vivíamos em 2019 - no início de um período declarado de autoritarismos - e que encontrou tantos desabrigos e abandonos ao longo dos 3 anos seguidos. Falávamos lá, através da performance/fotografia, do nosso direito à cidade e do abandono das estruturas de concreto, que cresceu dali para um abandono em mundo em colapso (climático, político, global). Em 2022, Corpo Desabrigo é luta porque se atreve a recordar do Hotel Reis Magos (1965) e do painel feito em cimento em 1982, que retratava uma família em migração, e que agora virou pó. É luta porque recorda também o Hotel BRA, na Via Costeira, construído de maneira irregular, atravancando a nossa visão para o litoral, e que agora retorna a sua construção em um Plano Diretor criminoso. O que em 2019 era o desabrigo/abandono na cidade de Natal-RN, hoje é a urgência de recordar. A história do velho mundo é o esquecimento, Corpo Desabrigo é luta porque relembra o abandono que nos trouxe até aqui - e ele é econômico, político e social.   

A série Corpo Desabrigo participou das seguintes exposições: Setembro/2019 - Exposição presencial no Margem Hub de Fotografia; Março/2020 - Publicação no perfil Pornceptual - A visual study of unusual pornography; Março/2020 - Publicação no Livro AUTORRETRATOS - Coletivo daFOTO!; Setembro/2020 - Menção honrosa no Prêmio Margem de Fotografia 2020; Outubro/2020 - I Mostra Digital de Ensaios Visuais na XVIII Semana de Antropologia da UFRN; Dezembro/2020 - Publicação no Atlas da Fotografia Emergente Potiguar | Margem Hub de Fotografia; Janeiro/2021 - Exposição online Corpo Desabrigo (Lei Aldir Blanc).