estou viciado em me fazer feliz.
andando sem rumo pelas ruas mais perigosas do rio-de-janeiro-que-continua-lindo
com meu celular na mão,
rindo e buscando me divertir.
viro shots e noites,
dias que leito o sol e acordo cercado de amores.
leio, escrevo e viro outros,
alimentando meu ego e me munindo de informações para tolos.
às vezes me alimento bem,
tento ao máximo fazer de três a quatro refeições.
me abraço com frequência para me manter são
e me elogio tentando utilizar aquelas palavras de afirmação.
me exercito de todas as formas possíveis,
assim compenso o álcool de outras crises.
cristais, palo santo e chás.
ando buscando tudo isso e um pouco mais pois estou me sentindo louco.
completamente viciado em me fazer feliz:
quero me regar com tudo o que é bom
e mais um pouco.
nem sempre dá certo,
mas isso acontece com
(quase)
todos os trajetos.
constantemente me dizem que isso faz parte do processo
e hoje aceito isso com afeto.
sempre fui viciado em me deixar de lado.
coloco todos a frente dos meus casos e acasos.
sempre sou esse ser abestalhado,
me coloco em perigo e sigo triste pra caralho.
viro shots e amores,
me visto e me dispo de relações rasas por me sentir sozinho de noite.
leio, escrevo e viro outros,
me distraio criando muros separadores.
às vezes me alimento bem,
mas tento ao máximo pular todas as minhas refeições.
me assassino mentalmente com a velocidade de um furacão
e me mantenho longe daquelas palavras de afirmação.
me exercito compulsivamente ou me mantenho parado,
tem dias que a catarse me mantém exilado.
cristais, palo santo e chás...
nada me salva mais pois estou amargurado e me sentindo um lunático.
completamente viciado em me deixar de lado:
quero sumir da face da terra
para me sentir um pouco menos culpado.
sempre dá certo,
pois a autossabotagem acontece
(integralmente)
com todos os meus trajetos.
constantemente me dizem que isso faz parte do processo.
mas eu não sou de ferro inoxidável para lidar com tudo isso com afeto.
Hugo Moraes, carioca estudante de Produção Cultural (IFRJ), escreve e ilustra desde que se entende por gente. O autor possui três livros de poesia publicados de forma independente pela Amazon, sendo eles O Antiquário, ESTRAÇALHADO e volta, além de ter sido um escritor selecionado para a antologia "Um Rio de Cores".
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