Brincar de perder o chão
amava o balanço
tinha um no quintal de casa
meu pai quem fez
para me dar asa?
era baixo, mas eu me balançava alto
fechava os olhos
era como um salto
sentindo as pernas balançar
o vento batendo no rosto
me sentia livre
me sentia segura
me sentia viva
era como perder o chão
sem cair
pernas para trás
dobradas
pernas para frente
esticadas
voando feito estrela cadente
cada vez mais alto
ainda lembro do medo presente.
era como ser
você sabe que é
perigoso viver
Renomear
quem dera eu pudesse escolher como chamar minhas partes
chamaria de arte
chamaria minha alma de calma
meus olhos de brilho
meu coração de emoção
chamaria os pés de asas
minha mente de guia
minha pele de casa
chamaria as mãos de ofício
meu colo de aconchego
meus pulmões de vício
chamaria o útero de revolução
meu sangue de vida
meu peito de paixão
chamaria as pernas de caminho
minha boca de desejo
meu estômago de potinho