I
androsfinge
corpo leonino
asas de águia
cabeça celícola
sem nariz
(há muito não respira)
a esfinge gizé
negrasfinge
corpo feminino
cabeça nocticolor
nariz chato
sem asas
(há muito respira)
a menina gizé
II
nas areias do cairo
descansa
à sombra da androsfinge
trilhas de diamantes
levam
ao espelho d’água
a negrasfinge
devora
peixes voadores
III
andronegresfingie
tornaram-se uma
negrandresfingie
continuaram duas
o deserto as acolheu
pelo nome de gizé
IV
bímanos brancos
atiram
no nariz chato
e
androgizé
petrifica-se
eterna
o barulho da pólvora
flechava o ar
escravizada
violentada
negragizé
pariu
flores ébano
de narizes chatos
V
todo bímano
tem uma gizé
na família
VI
os filhos da negragizé
no subúrbio de gizé
respiram
pelos narizes chatos
androsfinges
petrificadas