memória
a memória me devolve o folego. pulsa pelo meu corpo, me oferece generosamente seu chão. me acalenta a alma e a matéria, ensina que tudo não cabe numa coisa só. as verdades são multiplas e as possibilidades também. dentro das cosmogonias indígenas-afro as histórias são passadas de forma oral e por isso têm suas nuances. não chego sozinha, se estou aqui é porque meus antepassaos abriram caminhos e eu ouvi esse chamado. o chamado ancestral.
reviver
reaviver a tecnologia do corpo
reconstituir a inteligência
cacho de memória da matéria
acessado de maneira lenta
reacender e transformar numa inteligencia ativa
processo de várias mãos
novas formas de comunicação
imagens são simbólicas. objetos são portais que abrem brecha no espaço-tempo ativando a memória. a mente deixa de ser tão necessária. sem definições cristalizadas, sem padrão. deixo os gestos soltos, deixando sua marca na matéria, contando história e recriando memória. um mundo colorido se expande e me guia de volta a matriz.
a memória é plastica
é corpo e gesto
gestos que contam historias reais
a magia de criar re(existência)
possibilidades. foi o que encontrei. mudanças que resolvi aceitar. mutabilidade, movimento.
comecei a pensar nas cores. comecei a sentir as cores. há separação no pensar e no sentir? um universo colorido começou a se abrir na minha cabeça e me convidou a entrar.
memória dos tempos aquáticos
barulho de água que acalma envolve e abraça
finalmente, depois de tantas aguas agitadas e afogamentos, um balanço sereno
um mergulho profundo aonde no fundo os seres tem luz própria
os pés pensam, as pernas, os quadris, os braços.
o corpo pensa
vive.
Tainá Verde, artista, graduanda em artes visuais - gravura pela EBA/UFRJ. atualmente moro e trabalho no rio de janeiro. me dedico a pesquisa e experimentações práticas guiadas pela palavra -matriz- advinda do universo da gravura, seus desdobramentos conceituais e poéticos, articulando com ideias de memória, ficção e identidade.
@instataoficial