tomou alguma coisa
tomei algumas doses de fuga
e pensamento
todo dia tudo sempre igual
lâminas de faca bisturis
máscaras de silenciamento
eles nao podem te deixar sair
gritos abafados nas plantations
projeções de um eu cindido
o tripalium negro
não ser confundido com bandido
frescor de roupa limpa
é o que sinto quando olho pro céu
é paralisia mental
corrói tudo por dentro
das tripas ao coração
deixando um buraco
um vazio
um sem fundo
um sem chão
um sem mundo
olho pro passado
com meus olhos de presente
só para me lembrar
de como a vida brinca com a gente
feito menino malino
quando menos espera, quebrou um dente
Lílian Silva é filha de Maria e Eneas, nascida em Coelho Neto/MA e cria de Sobral/CE desde 2001. É mulher cis, preta, poetisa, slammer, produtora cultural e, também, psicóloga graduada pela UFC-Sobral. Ao longo de sua trajetória litero-poética tem percorrido pelos Slam da Quentura e Slam das Cumadi. Atuou como assistente de produção do Slam CE 2022, Festival Quarentena de Cinema e Cerol e Navalha. Também compõe a equipe de produção executiva da Agência Perifériques. Encontra seu lugar de transbordamento na literatura.
@liliansilvx