Ideia que brota e não ganha forma, não vira poema
Se depois desabrocha, nasce
De outro parto
De outro momento
Outro poema
Eles estão por aí
Espalhados
Atentos
Nas praças e nos recônditos espaços
À espera
Espreitados
Erguendo a mão
Pedindo a vez
Ensaiando a narrativa
Com frisson na barriga
Esperando a deixa
Para terem razão
Para não esquecer
Decidi anotar no papel
Marquei palavras
Rabisquei ideias
Pensei depois
Onde pus o papel?
E foi lá
Do lado de lá
Que soou um som
Do lado de cá
Não é lá
É outro tom
Ao pé do ouvido
Fez-se sentido
Uma reverberação
Não era alarido
Muito menos algo esquisito
Chegou também ao coração
Vibração harmônica
É lá a tônica
Dá dó menor
Ao seu redor
Mima o desespero
Suporta o entrevero
Com um FAto
Resolve o pato
Antes de voltar pra lá
De onde veio
Minha crendice, foi Elice, amiga de Clarisse, quem me disse
“Não passa de bestice”
Mas foi Alice, em sua velhice, que indicou minha sandice.
À Nice disse, com rouquice, o que pensava sem tolice.
Nem safadice, nem vigarice,
Menos ainda asnice, idiotice ou pedantice.
É um misto de tontice, doidice e maluquice
Expressada em chatice, nojice e bizarrice.
Eu, Eunice, portando minha mesmice
Penso só na sapequice, levadice e ladinice...
Ciente de minha meninice
Acima de qualquer gatice
Gosto mesmo do meu nome Eunice
Guilherme é um amante das artes e de suas potencialidades. É escritor amador de traços poéticos. Formou-se engenheiro de materiais pela UFSCar e, posteriormente, mestre em sustentabilidade pela USP. Desde já vai um tempo, usa da escrita poética para se entender e se posicionar no mundo. Acredita que a arte seja elemento de constituição substantiva das suas possibilidades de existência. Ele encara a arte como uma peça íntima do ser que às vezes se presta a encontros com outrem. Nunca publicou suas poesias. Apenas as compartilhou com amigos, amigas e amantes. Por ora, segue permitindo as ideias ganharem formas e nascerem poesia. Assim, vai vivendo.
@guibrunetttto