Venho recitar,
uma palavra que é fonte de vida.
quanto mais beberes,
menos sede, tereis.
Mostrar-lhe que a poesia mora,
nesses seios que amamentas
nas estrias que aparecem, distraídas.
Nos cabelos bagunçados,
acariciados pelo vento.
Nos olhos, desmaquiados.
Nas rugas que o tempo desenha.
A poesia mora,
nos pelos que arrepiam-se
na boca que saliva
nas mãos que executam
na mente que sonha,
no Ser que habitas o corpo.
Falar-te que a poesia vive,
No sorriso espontâneo
No momento sem plateia
Onde danças, cantas e ri alto,
degustas de si.
Gostaria de escrever um poema por horas,
pintar
correr
dançar
viver.
A labuta não desliga.
Observo a caneta em minha mão,
vestida em seu plástico transparente,
contendo em sua estrutura
uma decomposição mais duradoura que minha simples existência.
Largo-a
calço os sapatos que me apertam os tornozelos.
Observo as ruas com um olhar apático,
Cinzentas
Insossas
Destemperadas.
Ao longe percebo uma pintura em um muro rebocado.
Incomodando o cinza da cidade,
como um dente inflamado.
As manchetes cospem na cara dos pedestres.
“Uma mulher é morta a cada 5 minutos” !
É agredida
Estuprada
Esquartejada por ser mulher.
Você do outro lado da tela
grita sem fôlego que é mentira.
Que a moda do momento,
é uma invençao feminista.
Mesmo com a sua opinião,
a moça
a criança
Ou a idosa,
Saem de casa sem saberem como irão voltar
e se terão sua existência manchadas.
As manchetes sangram,
anunciando que a garota foi violentada
violada
Dilacerada !
Por estar de saia, calça ou burca.
As paredes da casa anunciaram as visitas,
que o medo exalava no ar sombrio da sala.
O odor vinha de uma mulher agredida
Interrompida por sua biologia.
Basta !
Ser poeta,
como esses que leio nos livros,
com o pensamento lá no alto.
Os pés no chão e no peito,
uma águia indicando a direção.
Pois uma parte de mim é feroz
E a outra é calmaria.
E eu me pergunto todo dia
Como um poeta pode guarda em si mesmo,
tantas poesias.
Uma para cada ocasião.
Teófilla é poetisa, professora, estudante de artes e integrante do Coletivo Escreviventes. Goiana por natureza, atualmente reside no DF. Teve poemas publicados em outras revistas literárias.“Escrever tornou-se um ato de sobrevivência. Uma ação para compreender a complexidade do Ser, gerada pelas circunstâncias da existência”.
@teofila.renata